segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Ginástica de Academia - 2ª série EM

Olá, conforme combinado, segue texto para estudo.
Boa leitura a todos.



GINÁSTICA DE ACADEMIA PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS, PROCESSO HISTÓRICO, MODISMOS E TENDÊNCIAS.
 
No Brasil, os espaços privados para a prá­tica da ginástica, que hoje conhecemos por “academias”, surgiram na década de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, sob influência de métodos ginásticos europeus do início do século XX. Na década de 1960, além da calistenia, muitas academias dedicavam-se ao “levantamento de peso”, prática associa­da ao halterofilismo.
Nos anos 1980, a ginástica aeróbica ganhou grande espaço nas academias, beneficiando-se da popularidade do conceito de “exercício aeróbio”, difundido na década anterior pelo mé­dico norte-americano Kenneth Cooper (criador do que ficou conhecido como Método Cooper), e pelos vídeos de ginástica (com ênfase na ginástica localizada) produzidos pela atriz norte-americana Jane Fonda. Contudo, ca­racterizada pela excessiva presença de saltitos e giros, realizados sem a devida preocupação com a postura, a ginástica aeróbica dos anos 1980 levou ao aparecimento de lesões articu­lares em seus praticantes - daí a denominação “ginástica de alto impacto” pela qual ficou co­nhecida. Surge, então, a ginástica aeróbica de baixo impacto, que busca minimizar os efeitos lesivos às articulações, seguida do step trainning, ginástica que alterna movimentos de subida e descida de um pequeno degrau.
As esteiras rolantes e bicicletas ergométricas logo chegaram como alternativas à exercitação aeróbia. A hidroginástica (ginástica realizada na piscina) agrega exercícios da ginástica loca­lizada e da ginástica aeróbica, com a vantagem de a água minimizar o impacto na articulação dos joelhos e servir, ao mesmo tempo, de fator de resistência para os movimentos, potenciali­zando o efeito dos exercícios.
Atualmente a ginástica localizada segue os princípios da teoria do treinamento físico e, em obediência a princípios cinesiológicos e anatômicos, busca isolar os grupamentos musculares que se deseja atingir e atender a diferentes finalidades - emagrecimento, deli- neamento ou hipertrofia muscular, resistência muscular etc. -, e com isso promete atender aos apelos estéticos dos praticantes. Seus exer­cícios podem valer-se do peso do próprio cor­po ou utilizar pequenos pesos, como halteres e caneleiras. Por isso, às vezes, a ginástica lo­calizada é confundida com ginástica batizada de “musculação”, embora esta se caracterize mais pelo uso de máquinas sofisticadas, de alta eficiência no isolamento dos músculos e na gradação da carga.
Nos últimos anos, cresceram em larga es­cala os programas padronizados de ginástica, concebidos e comercializados por empresas es­pecializadas, com forte apoio de estratégias de marketing. Por exemplo, o sistema body {body systems) - body pump, body step etc. -, proprie­dade de uma empresa da Nova Zelândia, que tem nas academias brasileiras seus melhores clientes. A desvantagem desses programas é que, ao padronizar os exercícios e sua progres­são, perdem de vista a heterogeneidade de seus participantes e a individualidade das pessoas.
Além de trazer para o seu interior os avanços técnico-científicos no campo do treinamento físico, as academias buscaram diversificar suas práticas para atrair novos clientes e diminuir a evasão, pois grande parte das pessoas inter­rompe periódica ou definitivamente a frequên­cia às academias. Sabe-se que, com a chegada do verão, aumenta significativamente o nú­mero de usuários das academias. Dezenas de diferentes práticas são oferecidas hoje nas inú­meras academias espalhadas por todo o Brasil. No Estado de São Paulo, é raro o município que não conte com pelo menos uma academia de ginástica. Muitas dessas práticas desapare­cem tão rapidamente como surgiram.
Tendência recente é a ginástica fast-food - por analogia aos estabelecimentos que oferecem lanches e refeições rápidas . São academias que prometem efeitos estéticos e de melhoria da saúde e qualidade de vida com um circuito de exercícios que combina os aeróbios e os de força muscular, com duração de 30 minutos e frequência de três vezes por semana.
O fenômeno do surgimento, proliferação e diversificação das academias de ginástica pode ser entendido na perspectiva do crescimento dos espaços privados de lazer e serviços e a simultânea redução e degradação dos espaços públicos - nas ruas, praças e parques estamos sujeitos à violência, poluição, falta de limpeza e conservação etc. Além disso, a quase ausên­cia de políticas públicas de lazer e esporte não estimula convenientemente o acesso às insta­lações esportivas mantidas pelos poderes mu­nicipal, estadual ou federal.
As academias de ginástica surgem, então, como alternativa no chamado “mercado do corpo e do fitness”, que vende promessas de beleza e saúde por meio de produtos e serviços para parcelas cada vez maiores da população. Não sendo mais restritas à classe média alta, oferecem, em um só local, práticas ginásticas diversificadas, o que permite atender a vários interesses.
Todavia, ao se beneficiarem da difusão por parte das mídias, de um modelo de beleza corporal cada vez mais predominante - carac­terizado pela magreza, no caso das mulheres, e hipertrofia muscular, no caso dos homens —, as academias, apoiadas por estratégias de pro­paganda e marketing, prometem milagres. Por exemplo, “fique em forma para o verão em apenas um mês”, atraindo novos interessa­dos que pagam pelos serviços prestados.
Duas perguntas que merecem nossa atenção:
Mas será que a ginástica só serve para emagrecer e, consequentemente, atender a um padrão de beleza imposto pelas mídias?
A ginástica só pode ser prati­cada no interior das academias?

Referência:
Caderno do professor: educação física, ensino médio – 2ª série, volume 1 / Secretaria da Educação; São Paulo: SEE, 2013.